Pular para o conteúdo principal

Da várzea à Copa, Rômulo vive sonho de defender Itália: ''Já me vejo de azul''

Gaúcho revelado pelo Caxias e que atua no Hellas Verona, está entre os 30 atletas pré-convocados por Cesare Prandelli para a seleção Itália; lista final sai no dia 2.
    Fonte: G1
Romulo treino itália (Foto: Getty Images)Rômulo treina com os companheiros da Itália antes da lista final de Prandelli (Foto: Getty Images)
Um garoto que vivia grudado numa bola de futebol desde os primeiros passos e cresceu jogando nos campos de várzea no interior do Brasil. Que hoje atua na Europa e deve disputar o mais importante torneio de futebol do mundo. Esta descrição serve para muitos dos 23 nomes convocados por Luiz Felipe Scolari para a Seleção. Porém, a única diferença é que este gaúcho de 26 anos não está atrás do hexa, e sim, do penta. 


Rômulo Caldeira, 26 anos, gaúcho de Pelotas, cidade localizada a 270 km de Porto Alegre, começou no último dia 20 os treinamentos com a seleção da Itália para a Copa do Mundo. A tetracampeã mundial, treinada por Cesare Prandelli, aposta na renovação para tentar igualar a seleção canarinho em número de conquistas. O gaúcho que defende o Verona, equipe campeã italiana uma única vez na temporada 1984/1985, foi uma das surpresas do comandante italiano na pré-lista para a competição. O misto de meia e lateral direito treina entre os 30 jogadores pré-convocados. No dia 2 de junho Prandelli irá anunciar quem virá ao Brasil e o brasileiro está perto de viver um sonho .
- A imagem de entrar em campo com a camisa Azzurra está sempre na minha cabeça. Sempre sonhei em jogar uma Copa do Mundo. Já me vejo de azul - revelou o jogador ao GloboEsporte.com, em contato por telefone direto da concentração italiana, em Florença.
Rômulo, quando adolescente, treinando na base do Caxias (Foto: Arquivo pessoal)Rômulo, com a camisa 9, ainda nos tempos da base do Caxias (Foto: Arquivo pessoal)









SONHO DE CRIANÇA

Quem está à espera de Rômulo em terras canarinhas e, já veste azul, pronta para torcer pela Itália é a família Caldeira. A mãe Evonete, o pai Darlan e os irmãos Paola e Daniel vão trocar de pátria no Mundial. Os pais são moradores de Santa Cruz do Sul, cidade que fica a cerca de duas horas de Porto Alegre. A mãe esbanja sorrisos pelo momento vivido pelo filho. E não pensa duas vezes ao dizer que torcerá pela Azzurra na Copa.
- Toda a família vai vestir azul. Tenho que torcer pelo meu filho – afirmou.
A imagem de entrar em campo com a camisa Azzurra está sempre na minha cabeça. Sempre sonhei em jogar uma Copa do Mundo
Rômulo, pré-selecionado
para a seleção da Itália
 Evonete se lembra do diálogo recente que teve com o filho quando ele soube da convocação. A saudade de não poder estar com Rômulo nas férias, foi ultrapassada pela felicidade de o ver realizar um sonho.
- Ele me ligou e disse: "mãe, acho que não vou para casa". Por quê? "Fui chamado pelo Prandelli" – contou contente.
O ítalo-brasileiro nasceu na terra do pai. Pelotas, localizada ao sul do Estado, onde ainda moram seus avós paternos e seus padrinhos. Os primeiros chutes foram dados nos campos de várzea do bairro Simões Lopes. Além do seu pai, Rômulo jogava com seu tio, Alcion e seu primo, Samuel. A bola virou amiga inseparável.
- Ele sempre foi apaixonado pelo futebol. Estava sempre grudado na bola quando era pequeno. Uma vez no nosso apartamento eu disse para ele que se não parasse eu furaria a bola. Ele não acreditou, furei – contou a mãe do atleta.
Rômulo quando criança treinando no Brasil de Pelotas (Foto: Arquivo Pessoal)Rômulo ainda criança no campo de terra na de base do Brasil de Pelotas (Foto: Arquivo Pessoal)
A primeira vez que pisou em um gramado para treinar foi aos seis anos. Rômulo entrou no estádio Bento Freitas para começar a jogar nas categorias de base do Brasil de Pelotas. Jogou na Baixada até os 10 anos quando iniciou a desenvolver sua principal característica: a polivalência.
Quem conta a história é Luís Carlos, militar aposentado de 71 anos, que foi o primeiro treinador de Rômulo. Como Luís trabalhava com crianças, optava por deixar eles soltos na hora de jogar. Não fixava posição.
- Os deixava a vontade. Eu dizia que eles deveriam ser polivalentes e disciplinados. Que quem escolheria aonde jogar eram eles, claro que se eu achasse melhor os mudaria de posição – afirmou Carlos.
O antigo técnico diz que se lembra de Rômulo desde que ele dava os primeiros passes. A qualidade nos fundamentos era o que mais chamava atenção em meio aos companheiros de escolinha.
- Ele já tinha pinta de jogador. Era mais inteligente e por ter passado pelo salão tinha facilidade nos treinos de fundamento – contou Luís, que deixa um pedido para o ítalo-brasileiro quando ele for visitar Pelotas.
– Depois que ele se tornou jogador nunca mais falei, até gostaria que me procurasse para conversarmos
CIGANO DESDE CEDO

Aos 10 anos, a família do atleta se mudou para Santa Cruz do Sul. Na região central, Rômulo passou pela base do Avenida até os 13 anos, quando decidiu que queria ser mesmo jogador de futebol. 
- A ida dele para Caxias do Sul foi meio complicado, até porque na época não tínhamos muitas condições. Ele era uma criança e foi morar na concentração do Caxias – recorda Evonete.
romulo Hellas Verona (Foto: Getty Images)Rômulo comemora gol com a camisa do Hellas Verona (Foto: Getty Images)

Antes de ganhar a oportunidade no Caxias, Rômulo passou por uma decepção. O polivalente meia tentou ingressar no Grêmio. Participou da famosa “peneira” do tricolor que é realizada em diversas cidades do Rio Grande do Sul.
- O Rômulo não foi aprovado em uma peneira que o Grêmio fez aqui em Santa Cruz. Chorou muito. Disse para ele ter calma que tudo tinha sua hora – contou a mãe.
O então pré-adolescente acreditou na mãe. A partir da rejeição do Grêmio nunca mais desistiu. Dona Evonete recorda alguns momentos que o filho retornava de Caxias para casa triste, porém sem jogar a toalha.
- Rômulo foi sempre muito persistente. Eu perguntava se ele queria desistir, voltar para casa. Ele sempre respondia que não – contou a mãe, que hoje torce para que o filho volte ao Brasil em junho, mas não para Santa Cruz e sim para os gramados do mundial.
A APOSTA DE PRANDELLI

Rômulo e Luís Carlos seu primeiro treinador (Foto: Arquivo Pessoal)Rômulo e Luís Carlos, seu primeiro treinador, ainda na base do Brasil de Peloyas (Foto: Arquivo Pessoal)
Da base do time grená, Rômulo partiu para o mundo da bola. Atuou ainda no Juventude, Metropolitano, Chapecoense, Santo André, Cruzeiro e Atlético Paranaense antes de partir para a Itália. O gaúcho pisou na Terra da Bota em 2011, para defender a Fiorentina, já com a dupla cidadania devido a ser descendente de italianos.
Na última temporada acabou emprestado para o Verona. Com boas atuações como lateral direito, como meia e atacante extremo, foi um dos destaques da equipe que terminou em décimo na edição atual do campeonato italiano. Rômulo jogou 34 jogos na temporada, marcou seis gols e deu oito assistências.
- Quando estava na Fiorentina o Vicenzo Montella (treinador) foi sincero comigo e falou para que eu procurasse algum lugar que fosse jogar mais. Que ele gostava de mim e queria me ver jogar mais. Foi então que o Verona me mostrou o projeto e nós, meu empresário e eu, acreditamos nele. Foi um ano maravilhoso. Quebramos a maioria dos recordes do clube – afirmou o polivalente Rômulo.
A campanha da equipe azul e amarela foi realmente histórica. A segunda melhor depois do título conquistado na década de 80. Em termos de pontos, gols marcados e artilharia, o desempenho foi superior à conquista passada. O bom desempenho levou Prandelli a perguntar se o brasileiro aceitaria defender a Azzurra. 
- No único jogo que fiquei de fora por suspensão e estava na arquibancada, o Prandelli pediu para conversar comigo. Na hora achei que fosse uma brincadeira da pessoa que me chamou. Mas fui lá e era verdade – contou o pelotense.
Rômulo Hellas Verona (Foto: Agência Getty Images)Rômulo em ação pelo Hellas Verona (Foto: Agência Getty Images)

A conversa com o comandante da Azzurra foi direta. O questionamento de Prandelli foi se Rômulo teria a honra de defender as cores da Itália. O brasileiro revelou que era um sonho. Com a resposta positiva, o treinador avisou que se os papeis estivessem prontos antes da convocação para os testes físicos, iria chamá-lo. Rômulo participou das avaliações com outros 42 atletas e acabou ficando entre os 30 que iniciaram os treinos nesta semana. 
- Estou muito feliz. Esperei por isso muitos anos. Estamos treinando bastante aqui. O pessoal é fantástico, são jogadores de nome e muita qualidade – disse Rômulo que tem sido utilizado tanto no meio como na lateral nas atividades táticas. 
 Logo nos primeiros dias de treinamentos o comandante italiano deu pistas que a idade e a experiência internacional não serão determinantes na escolha dos nomes que virão ao Brasil. Aumentando a expectativa e a chances de mais um gaúcho estar disputando o troféu de campeão do mundo.
- A experiência não é tão importante em comparação à determinação e força de vontade – afirmou o treinador ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport.
O gaúcho que gosta de afirmar que tem o Rio Grande do Sul no sangue, e vê o Estado como sua casa quando parar de jogar, não fala sobre a possibilidade de estar entre os 23 convocados por respeito aos companheiros. Procura aproveitar o máximo o sonho que está vivendo. 
- Tudo que a gente planta vamos colher. O segredo na vida é nunca desistir, acreditar e trabalhar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

  VALMIR ARAÚJO * 14/04/1942 + 29/03/2024 Valmir Araújo nasceu na fazenda Timbaúba Município de Caraúbas/RN, no dia 14 de abril de 1942, Filho de Clarindo Araújo e Ubalda Alves, sendo que ao todo teve mais de 10 irmãos, no ano de 1970 casou-se com Maria da Luz Brasil, que após o matrimônio contraiu sobrenome Araújo, e foi morar no sítio Cajazeiras município de Olho d´Água do Borges/RN, dona Maria da Luz Brasil Araújo na época já era órfã de pai e mãe sendo a segunda filha do casal Abel e Ester Brasil, que deixaram 07 (sete) filhos, ela então com 18 anos ficou responsável pelos 05 (cinco) irmãos mais jovens, Antônio, Francisco, Raimundo, Meires e Nonato, já que o mais velho Cícero servia ao Exército Brasileiro em Natal e ajudava no sustento dos irmãos, após Valmir Araújo casar-se com Maria da Luz ambos assumiram a responsabilidade pelos menores até encaminhá-los para vida adulta. Valmir e Maria construíram uma família com três filhos, Ester, Vilmar e Isaac, destes lhes deram até hoje

Vereador Vilmar Araújo requer benefícios para Olho d´Água do Borges

  O vereador Vilmar Araújo se reuniu hoje com o deputado federal João Maia e reivindicou vários beneficios para a cidade de  Olho d´Água do Borges, solicitou uma emenda para 01 Centro de Velório;  01 Academia para os idosos da Comunidade Cardosos e adjacências; Pavimentação para os sítios Riacho do Cunha e Cardosos

São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores

  Origens São Domingos nasceu em Caleruega, na Castela Velha, em 1170, Espanha. Pertencia a uma família nobre, católica e rica: seus pais eram Félix de Gusmão e Joana d’Aza e seus irmãos, Antonio e Manes. Na sua família, havia um tio sacerdote. Assim, a vontade de evangelizar já estava presente desde a infância. O chamado Domingos dedicou-se aos estudos, tornando-se uma pessoa muito culta. Mas, aos 24 anos, o chamado ao sacerdócio foi maior e Domingos começou a fazer parte dos Canônicos da Catedral de Osma, a pedido do Bispo Diego. Logo, foi convidado para auxiliar o rei Afonso VII nos trabalhos diplomáticos do seu governo e também para representar a Santa Sé. Luta contra a heresia Durante a Idade Média, havia a heresia dos albigenses, ou cátaros, no sul da França. O Papa Inocêncio III enviou Domingos e Dom Diego para enfrentar os Albigenses e propagar o Evangelho. Porém, com a morte repentina de Diego, Domingos de Gusmão permaneceu sozinho na missão. Fundador da Ordem dos Frades Predi