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Altemar Dutra, o eterno “rei dos boleros”


Por José Romero Araújo Cardoso

          A voz inigualável de Altemar Dutra imortalizou grandes sucessos musicais, principalmente diversos de autoria da genial dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, chegando a ser conhecido como o “rei dos boleros”.
          Impressiona a técnica musical que se tornou marca registrada de Altemar Dutra, pois a sonoridade precisa embalou paixões e amores perdidos ao longo de décadas, tornando-se um dos artistas preferidos de quem cultua os segredos da alma e do coração.
          O passaporte para fama teve seu registro através da ajuda do amigo Jair Amorim, pois antes de completar a maioridade manteve contato com o consagrado compositor através de carta de apresentação, pois já apontava para o sucesso em Colatina (ES) quando encantou expectadores da Rádio Difusora interpretando sucesso de Francisco Alves.

          Levado em 1963, por Jair Amorim, para se apresentar no programa Boleros Dentro da Noite, na Rádio Mundial, Altemar Dutra foi conduzido no mesmo ano, por Joãozinho, do Trio Irakitan, para a Odeon, onde foi contratado e logo se tornou sucesso nacional quando da gravação de Tudo de Mim, grande sucesso de autoria de Jair Amorim e Evaldo Gouveia.
          O gênero musical que caracterizou Altemar Dutra logo se tornou febre nacional, pois romântico por excelência, as interpretações daquele que se transformou em um dos maiores artistas musicais brasileiros conseguiram atingir o imaginário de todos que buscam refúgio nos refrães de belas canções a fim de entronizar universos particulares marcados pela complexidade da própria psicologia humana, na qual o amor, a paixão e os devaneios ocupam lugares proeminentes.
           Sublime interpretação de El bolero se canta así, contida em LP gravado em parceria com Lucho Gatica rendeu-lhe reconhecimento em toda a América Latina, tendo em vista que suas versões em espanhol chegaram a vender mais de 500 mil cópias. Altemar Dutra caiu no agrado popular nos países hispânicos em razão de sua voz belíssima e de suas canções que tocam fundo na alma das pessoas que valorizam sentimentos peculiares aos amantes da boa música.
          A comunidade de origem latina, radicada nos Estados Unidos, também se agradou da voz e das canções do humilde e simpático brasileiro. A partir de 1969, Altemar Dutra conquistou milhares de fãs entre imigrantes que falam espanhol e seus descendentes radicados na maior potência do globo.
          Em 1977, gravou o LP “Sempre Romântico”, no qual se encontra a interpretação da versão de Margherita, música italiana popularíssima na península européia onde se originaram as línguas latinas.  
          Margarida, em minha opinião, transformou-se em símbolo do romantismo de Altemar Dutra, sendo cantada até hoje em serestas, as quais, invariavelmente, cultuam a memória do grande trovador brasileiro.
          A música que ele pediu para que fosse lembrado tem o título de “Brigas”, de autoria de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, pois, ode maior ao amor e à reconciliação, em sua belíssima interpretação se tornou sinônimo de recomeço e apelo ao instinto racional que nem sempre envolve relações a dois.
          No dia nove de novembro de 1983, pouco depois de ter completado a idade de quarenta e três anos, tendo em vista que nasceu no dia seis de outubro de 1940, Altemar Dutra sofreu um derrame cerebral em Nova York (EUA), quando se apresentava em um show para a comunidade latino-americana no clube noturno “El Continente”.
          A sua morte foi sentida por todos que cultuam a beleza de interpretações singulares de clássicos imortalizados em sua voz, os quais nunca hão de se apagar da memória de quem sabe dar valor aos encantos da salutar sonoridade que o transformou em ícone da MPB.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto IV da UERN. 

     

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