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Jerônimo Vingt-un Rosado Maia: Lembranças e emoções fortes que o tempo jamais apagará


(*) José Romero Araújo Cardoso

          Vingt-un era uma criatura sublime e ímpar, ungida por Deus Eterno Todo Poderoso na expressão literal do termo. Vivemos longos e intensos momentos marcantes, assinalados pela mais bela amizade, pelo mais belo respeito e pela mais pura e recíproca consideração.
          Os conselhos de Vingt-un fixaram-se de forma indelével em minha consciência, pois o saudoso alcaide da cultura exigia que eu ouvisse a voz de sua longeva experiência. Entre inúmeras e incontáveis conversas uma relembro com precisão, pois se tratou do valor da confiança e da consideração.
          Vingt-un, descendente de paraibanos fortes e altivos, disse-me certa vez para nunca perdoar traição, pois o traidor ou traidora deve ser execrada, na medida que, se perdoado ou perdoada, repetir-se-á com certeza e com mais intensidade os níveis da traição.
          Traição para Vingt-un é um mal que deve ser extirpado pela raiz, jamais ser considerada como algo normal e passível de passar despercebida. Ele me ensinou que a traição manifestação absoluta da maldade humana.
          Vingt-un tinha razão, pois o traidor ou traidora é alguém que prima pela ausência de valores, falha na confiança depositada e quebra no princípio da própria valorização do ser humano enquanto tal.
          Ficava horas conversando com Vingt-un em seu gabinete da Fundação que leva seu nome, mantenedora da Coleção Mossoroense. Infelizmente foram muitos traidores que se cercaram de Vingt-un, que o apunhalaram pelas costas. Falava sobre cada punhalada que levou com uma pontinha de mágoa, mas sempre com um sorriso boníssimo no rosto.
          Quantas saudades e Vingt-un e América, pois esta grande mineira, mulher forte, de caráter, cuja personalidade altiva transformou-lhe em uma das mais importantes o gênero feminino do “País de Mossoró”, soube respeitar com absoluta dignidade Vingt-un em sua grandeza magistral como ser humano e como grande e eterno intelectual.
          Percorrí o Rio Grande do Note e boa parte do Nordeste em companhia dos dois. Informações preciosíssimas são guardadas em minha mente, quando em diversas paragens Vingt-un descrevia pormenorizadamente detalhes dos lugares em que passávamos. Certa vez estávamos a caminho da Fazenda Acauã, em Riachuelo (RN),onde pernoitamos, na companhia do saudoso Oswaldo Lamartine de Faria, filho do ex-governador potiguar Juvenal Lamartine de Faria. Vingt-un, antes de chegarmos à histórica propriedade rural, fez uma descrição impecável da importância do lugar e sobre o autor de “Apontamentos sobre a faca de ponta”.
          Impossível lembrar Vingt-un, bem como América Fernandes Rosado Maia, sem que vertam lágrimas dos olhos, pois a saudade intensa dos dois é algo que jamais será apagado pelo tempo, tendo em vista a sólida e inquebrantável amizade firmada com esses primos queridos que estão à direita de Deus.



(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto da UERN.


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