Presos se rebelaram na tarde deste
sábado (7) em dois presídios da Grande Natal. Vídeos gravados por policiais
militares e por agentes carcerários mostram que os internos se amotinaram no
pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, que fica em Nísia Floresta, e
no Presídio Provisório Raimundo Nonato, mais conhecido como Cadeia Pública de
Natal, onde os detentos da ala B atearam fogo em várias celas.
VEJA OS VÍDEOS AQUI !!!!!!!!!!!!!!
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Secretário de Justiça e da
Cidadania, o advogado Cristiano Feitosa confirmou ao G1 que o quebra-quebra
deste sábado começou após a descoberta de um túnel escavado a partir do
pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se
amotinaram”, acrescentou.
Com a situação fora de controle, o
Batalhão de Choque da PM foi acionado para tentar retomar o controle em
Alcaçuz, “mas sem efetivo suficiente, e também para evitar um confronto, os
policiais recuaram e saíram da penitenciária”, disse o secretário. Nas imagens
gravadas por um policial militar posicionado em uma das guaritas, é possível
ver o momento em que pedras são arremessadas em direção aos policiais militares
do BPChoque, que recuam (veja vídeo acima). Mais tarde, os presos também
atearam fogo dentro das celas.
Ainda de acordo com o secretário
Cristiano Feitosa, o Grupo de Operações Especiais (GOE) que pertence à Sejuc
não atuou porque os agentes estão com as viaturas quebradas. “Fiquei sabendo
dessa informação agora, depois que aconteceu tudo isso. Nos próximos dias vamos
resolver este problema”, afirmou.
Com a notícia de que o BPChoque não
havia conseguido controlar os presos em Alcaçuz, e que o GOE ficou
impossibilitado de intervir, os ânimos no Raimundo Nonato também se exaltaram e
os detentos começaram a queimar colchões. No vídeo também é possível ver
corredores em chamas dentro da ala B da unidade.
Em Alcaçuz e na Cadeia Pública de
Natal, presos se rebelaram e atearam fogo em celas (Foto: G1/RN)
Tanto em Alcaçuz como no Presídio
Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte da capital, tentativas de intervenção
foram frustradas. Até o amanhecer deste domingo (8) os presos continuavam
rebelados fora das celas e não havia registro de feridos ou fuga de internos.
Penitenciária Estadual de Alcaçuz,
maior unidade
prisional do RN (Foto: Canindé
Soares/G1)
Interdições
O sistema penitenciário do Rio
Grande do Norte possui atualmente 8.000 presos para 3.700 vagas. Das 33
unidades prisionais, 12 foram interditadas pela Justiça e não podem receber
novos internos. A lista inclui:
- Presídio Provisório Raimundo
Nonato Fernandes (Cadeia Pública de Natal), em Natal;
- Centro de Detenção Provisória de
Pirangi, em Natal;
- Penitenciária Estadual de
Alcaçuz, em Nísia Floresta;
- Presídio Rogério Coutinho
Madruga, em Nísia Floresta;
- Penitenciária Estadual
Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega (Pereirão), em Caicó;
- Penitenciária Estadual de
Parnamirim, em Parnamirim;
- Centro de Detenção Provisória de
Parnamirim, em Parnamirim;
- Centro de Detenção Provisória de
Nova Parnamirim, em Parnamirim;
- Centro de Detenção Provisória
Feminino de Parnamirim, em Parnamirim;
- Cadeia Pública de Caraúbas, em
Caraúbas;
- Cadeia Pública de Nova Cruz, em
Nova Cruz;
- Centro de Detenção Provisória de
Santa Cruz, em Santa Cruz.
Danos à estrutura da penitenciária
de Alcaçuz ainda não podem ser quantificados (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
Penitenciária de Alcaçuz foi uma
das
mais danificadas durante as
rebeliões de março
(Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar
entrou em calamidade pública no dia 17 de março, logo após o fim de uma onda de
rebeliões que atingiu pelo menos 14 das 33 unidades prisionais do estado. O
decreto, renovado em setembro, tem validade até março de 2016. Além disso,
também passa por um momento crítico com relação ao controle das unidades, hoje
comandadas por facções criminosas que vêm se digladiando. Este ano, 22 detentos
foram assassinados ou encontrados mortos em condições suspeitas e um
adolescente morreu ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida
socioeducativa durante uma tentativa de resgate. Os números são da Coordenadoria
de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
De acordo com a Secretaria de
Justiça e Cidadania (Sejuc), já foram gastos mais de R$ 5,6 milhões nas
reformas das unidades depredadas. A secretaria reconhece que o sistema penitenciário
do RN é ultrapassado e precisa de uma modernização com mais eficiência e
tecnologia nos processos.
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