O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse, nesta segunda-feira, na tribuna do Senado que o Governo da presidente Dilma Rousseff se exauriu, na política, na economia e na credibilidade, porque vive uma crise muito mais profunda do que parece. Para o senador, o governo conduziu a economia de maneira imprevidente, em 2014, e era óbvio que teria problemas de credibilidade se ganhasse a eleição, o que ocorreu. - A primeira obviedade da tragédia que nós vivemos é a maneira imprevidente como a economia foi administrada ao longo de 2014. E eu aqui denunciei, alertei, publiquei textos, fiz artigos. Quatro anos atrás, Cristovam alertava, numa publicação de sessenta páginas, que "A economia está bem, mas não vai bem", onde apontava que os indicadores daquele momento – desemprego, inflação – não estavam ruins, mas deixava claro que outros15 fundamentos da economia levariam à crise econômica, como de fato ocorreu. - Além disso, era óbvio, para quem assistiu à eleição de 2014, que a presidente teria grandes problemas de credibilidade. Qualquer observador atento perceberia que ela não ia cumprir aquelas promessas. Eram falsidades construídas pelo marketing, sem nenhuma consistência com a realidade. O senador lembrou que a presidente baixou a tarifa de luz, e depois de eleita aumentou, contradizendo o seu discurso de campanha em que ela dizia que quem faria o que ela fez seriam Marina e Aécio, se fossem eleitos. Para o senador, a presidente Dilma sabia que enfrentaria graves problemas no exercício de seu mandato e tinha de abrir o diálogo - Eu creio que esse tempo já passou.
A sensação que eu tenho hoje, é que o Governo se exauriu. Nós chegamos, a este momento, ainda no primeiro ano do Governo, com uma situação de total descrédito da parte da presidente e de sua equipe. O senador frisou que foram meses defendendo diálogo que permitisse a governabilidade: Era óbvio que precisávamos dialogar, conversar e encontrar um rumo. Fiz de tudo para tentar usar intermediários que conseguissem fazer as grandes lideranças, de um lado e de outro, dos dois grandes partidos – PT e PSDB – conversarem. Não consegui. Escasseada as tentativas de abrir o diálogo entre governo e oposição, o senador foi à presidente junto com alguns senadores chamados independentes. - Levamos propostas e sugestões numa carta assinada por todos eles, dizendo que ela deveria vir ao Congresso fazer um discurso, com toda a sinceridade, com o desejo de falar a verdade, em que deveria dizer que seu partido era o Brasil e não o PT ou o PMDB ou o PDT. Para o senador, há uma crise muito mais profunda do que aparece. É a crise do modelo que tinha por base quatro pilares – a democracia, a estabilidade monetária, a transferência de renda para os pobres e o crescimento econômico tradicional, mas que entrou em crise. No entendimento dele, a democracia está em crise profunda, sem partidos consistentes, sem lideranças expressivas, com uma corrupção generalizada, com um descrédito entre todos os políticos. A democracia entrou em crise. A estabilidade monetária – disse o senador - não existe, porque excede os gastos; porque até a Constituição desperdiça recursos legalmente. Ela obriga ao desperdício. - O nosso crescimento parou por duas razões: porque já não cresce e parou porque o crescimento é atrasado, velho, superado. Não é o crescimento da alta tecnologia; não é o crescimento de uma energia limpa; não é o crescimento voltado para os bens que exigem inovação.
Diante desse quadro falta de credibilidade do governo, instabilidade monetária e exaustão do nosso modelo de representatividade, o senador defendeu a construção de um novo governo que oriente para um novo modelo. - Um governo de transição. Nós vamos ter que ter mudanças na maneira como o governo funciona e das pessoas que fazem o governo. Vamos precisar de pessoas com credibilidade. O senador disse que prefere não chegar na tribuna do Senado e ser enfático, dizendo que é preciso substituir a presidente, mais uma vez, pela segunda vez, em quatro presidentes que nós tivemos, interrompendo o mandato. - Eu prefiro ainda não assumir isso aqui como algo definitivo, mas, ao mesmo tempo, já começo a dizer o que eu não dizia, que, a cada dia que passa, menos confiança eu tenho de que a presidente Dilma vai conseguir ressurgir, vai conseguir ser a Itamar dela própria, vai conseguir trazer uma nova esperança para o Brasil. Cada vez eu duvido mais que isso seja possível. Ele disse não acreditar porque o caminho que Dilma escolheu, ao invés de dialogar, ao invés de reconhecer falhas, de dizer que quer construir o novo, de chamar todos para colaborar com ela, foi o dos arranjos para manter-se no poder: - Negocia ministérios, ministérios sagrados, como o da Saúde – fala-se até no da Educação –, negocia ministérios para ter a base necessária para conseguir cumprir o seu mandato. - Não é a solução, não é o caminho, não é a maneira certa de recuperar a credibilidade. Não se recupera credibilidade, depois de perdida, fazendo negociatas, arranjos, conchavos, para manter uma maioria artificial no Congresso, fazendo com que o que parece solução seja, na verdade, sinal de pura exaustão.
Assessoria de Comunicação do Gabinete do Senador Cristovam Buarque
Comentários
Postar um comentário