Novo presidente da Petrobras teve Imposto de Renda questionado e foi acusado de favorecer Val Marchiori
Foto: Luis Ushirobira/Valor
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir
Bendine, que deve ser anunciado no comando da Petrobras nesta
sexta-feira (6), já foi investigado pela Receita Federal por evolução
suspeita de patrimônio e acusado de favorecer a socialite Val Marchori
em concessão de empréstimo.
Bendine foi investigado pela Receita no
ano passado devido à evolução do seu patrimônio, considerado
incompatível com seus rendimentos, e ao pagamento, em dinheiro vivo, de
um apartamento.
Autuado por não comprovar a origem de
aproximadamente R$ 280 mil em sua declaração anual de ajuste do Imposto
de Renda, ele pagou uma multa de R$ 122 mil para se livrar da
investigação.
Na época, o executivo disse que a
questão era familiar e não quis comentá-la. Sobre a multa da Receita,
ele afimrou que o auto de infração resultou de um mero erro em sua
declaração.
Bendine também foi acusado de driblar regras do BB para favorecer Val Marchiori, também em 2014.
Marchiori conseguiu um empréstimo de R$
2,7 milhões no banco, a partir de uma linha subsidiada do BNDES, mesmo
sem ter pago um empréstimo anterior e sem ter capacidade financeira para
obtê-lo, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Isso só foi possível devido a uma operação incomum feita especificamente para que a socialite conseguisse os recursos.
Segundo o jornal, Bendine é amigo de
Marchiori e os dois estiveram juntos em compromissos oficiais do banco
na Argentina e no Rio de Janeiro.
O executivo negou as acusações e disse que o empréstimo seguiu todas as normas do BB.
Dinheiro vivo
Bendine tem o hábito de manter dinheiro
vivo em casa, de acordo com a Folha. Um ex-motorista do BB, Sebastião
Ferreira da Silva, teria dito ao Ministério Público Federal que realizou
diversos pagamentos em dinheiro vivo a mando de Bendine.
O ex-motorista do Banco do Brasil
Sebastião Ferreira da Silva disse que transportava “maços” de dinheiro
para Bendine. Em uma ocasião, Bendine teria saído de um apartamento nos
Jardins, em São Paulo, com uma sacola cheia de maços de notas de R$ 100.
A sacola teria sido entregue a um amigo do executivo.
Escolha de Bendine frustra mercado
Bendine é funcionário de carreira do BB e estava à frente da instituição desde 2009.
Por ser bastante alinhado às políticas
do atual governo, a colocação de Bendine na liderança da Petrobras
frustra expectativas de investidores e analistas de que o novo líder da
petroleira viesse do mercado.
“O Bendine é uma pessoa muito
identificada com a primeira gestão do governo Dilma. O BB foi
absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão, e a Petrobras
precisaria de alguém mais independente, que ‘peitasse’ o governo em
determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos”, disse à
agência de notícias Reuters o sócio da Órama Investimentos Álvaro
Bandeira, no Rio de Janeiro.
O novo comando da empresa terá entre
seus desafios iniciais a regularização da publicação das demonstrações
financeiras da estatal. Isso em meio à apuração de um escândalo de
corrupção que exigirá que a companhia realize baixas contábeis
bilionárias de ativos sobrevalorizados.
Renúncia coletiva
A renúncia de seis altos executivos da
Petrobras na quarta-feira surpreendeu autoridades em Brasília, que
previam uma mudança na diretoria da estatal apenas no fim do mês.
Na terça-feira, Dilma aceitou o pedido
de demissão de Graça Foster, mas tinha acertado a permanência da
executiva no cargo por mais algumas semanas. Mas outros cinco diretores
da Petrobras não aceitaram ficar por mais tempo, precipitando a saída
também de Graça Foster.
Procurada, a Petrobras informou que não
comentaria a informação de que Bendine será o novo presidente da estatal
e disse que qualquer comunicação oficial será feita através da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM).
UOL, com Reuters/ Blog do BG
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